segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O bom senso e a paciência

Gostaria de compartilhar uma experiência minha com vocês.


Ficamos dois dias em Lisboa, depois teríamos que partir para Itália. No aeroporto de Roma vi que minhas malas estavam agrupadas em um carrinho junto com outras, ou seja, já tinha quem as levasse, então me dispus a ajudar umas senhoras com seus carrinhos até o ônibus.
Chegando ao hotel eu vi todas as malas, menos a minha de sapatos, procurei ficar tranquila e esperei descarregarem tudo, eu e o motorista olhamos por duas vezes dentro do ônibus e nada de minha mala de sapatos aparecer.

Bom, alguém deve tê-la levado por engano, uma amiga pensou o mesmo e fomos procurar, não a achamos, então assim pensei, que alguém a deixou cair do carrinho no trajeto do avião ao ônibus.
Um momento muito triste, todos meus sapatos, bota, estavam dentro da mala, os guias e meus amigos também ficaram desolados, porque eles viram que eu estava ajudando algumas senhoras a carregarem suas malas pesadas e calculei que alguém estava cuidando das minhas logicamente.

Foi um exercício enorme para não julgar, não me irritar. Vendo a aflição de minha amiga que tomara minhas dores, eu sentia claro dentro de mim, que deveria dar um passo e me manter mais tranquila ainda e não acusar ninguém, mesmo que isso me custasse, eu deveria tentar superar essa perda, em silêncio, sem reclamar, sem insuflar. Não foi fácil, mas sabia que o correto a se fazer era isso e foi o que fiz. Sempre quando alguém me via, perguntava da maleta e tal, ali também era preciso manter a paciência e responder que eu estava tentando superar, algumas pessoas até queriam emprestar sapatos, botas etc.

Passaram-se dois dias, quando já estava me desapegando e pensando em comprar uma bota, porque aonde iríamos estaria muito frio, passeando em Roma chega um dos guias da região chamando nossa responsável e falando que o lavador onde o ônibus foi levado encontrou uma maleta de sapatos que estava presa bem no meio do ônibus entre um banco e outro, por isso ninguém achara, conferia com minhas descrições, a guia me procurou com os olhos e eu notei algo quando ela me olhou, conforme fui me aproximando ela contou-me o tal feito, custei a acreditar, senti uma enorme felicidade por dentro, difícil descrever até.

Fiquei surpresa ao notar o como foi importante para todos ver minha alegria pela volta de meus sapatos e também com isso poder me certificar de que fiz bem em não julgar ninguém ali, de nada valeria achar ou saber quem foi que esqueceu a maleta dentro do ônibus, ela foi esquecida... pronto e acabou. O que valeu foi ver a superação que tive em não fazer disso uma tempestade ou um obstáculo e assim sendo desagregar. Pelo contrário, vi que tinha conseguido lidar bem com isso e as pessoas ao redor notavam.
O retorno dos meus sapatos foi como um presente para mim, por ter tido paciência e o bom senso de não julgar num momento difícil.
Agda