terça-feira, 10 de agosto de 2010

Entre um papo e outro...

Meu pai foi assaltado e com isso roubaram seus cartões e todos seus documentos pessoais, então fui ver o que poderia fazer de concreto para ajudá-lo. A primeira providência era bloquear os cartões e fazer um B.O, foi o que fiz.

Chegando à delegacia notei que tinha muita gente para ser atendida e isso me preocupava porque ele não estava em condições de esperar, uma atendente perguntou-me o que era, contei a ela o que houve e ela me mandou voltar sozinha depois de 3 horas que ela faria o B.O sem a presença dele, não sabia como agradece-la, fiquei feliz e como o combinado voltei depois de 3 horas.

Voltando a delegacia notava tudo aquilo que sabemos que existe dentro dela, gente querendo ser atendido na hora, pessoas sem paciência e por aí vai. Fiquei ali sentada esperando a minha vez, a atendente me reconheceu, aproximei-me dela e fui apresentada à delegada de plantão; não demorou muito e fui chamada.


Um rapaz me atendeu, deveria ter entre 40 e 45 anos, muito bem apessoado, até então de pouca fala, passei a ele os documentos que tinha e fiquei esperando que me perguntasse algo, percebi que enquanto olhava a certidão de casamento e um holerite da qual tinha dados como CPF e RG... ele me observava. Depois de alguns minutos ele me perguntou:

_É seu pai?
Eu surpresa respondi:

_Sim, você o conhece? Começamos a conversar e ele me contou que costumavam pescar e beber juntos, ouvi em silêncio tudo que ele me falava, entre digitando o B.O e uma paradinha ele me contava histórias deles dois, fiquei contente e apreensiva ao mesmo tempo, contente porque ele só falava bem de meu pai e triste porque esse rapaz tão novo ainda já bebia.

Terminando o boletim me levantei e dei a mão a ele me despedindo, olhando nos olhos dele, falei:

_Fico contente em saber de sua amizade com meu pai, mas gostaria de lhe pedir para tomar cuidado, para não chegar na idade dele no estado que ele se encontra, (de beber por anos a fio e com uma saúde debilitada). Ele me olhou meio que surpreso e disse: _Mas seu pai tem ‘uma certa idade’, (referindo-se que ele ainda era novo e poderia parar de beber quando quisesse), eu repliquei, mas eu cresci vendo-o beber, fazendo gestos com as mãos que é meu modo de me expressar.
Falei isso de uma maneira afetuosa, com ternura no olhar, percebi que os olhos dele lacrimejaram e os meus também, por conseguinte. Despedi-me novamente com um sorriso carinhoso. Caminhando, notei que ele me observava pelo vidro, pensei: Espero que tenha conseguido alertá-lo sobre a bebida e os riscos que ela causa a saúde e que ele consiga enxergar isso a tempo.

Escrito por Agda